terça-feira, 6 de novembro de 2012

 
                    EAPE DEBAIXO D´ÁGUA.
A forte chuva de ontem a noite revelou um problema que se arrasta há anos na EAPE. Várias salas foram simplesmente alagadas, destruindo materiais e computadores. Salas de aula, de professores/as, de servidores e depósitos foram atingidos, inviabilizando o trabalho de muitos/as colegas.
Há tempos a EAPE carece de uma reforma completa. As infiltrações estão por todos os lados e qualquer chuva transforma os corredores em cachoeiras, colocando em risco a integridade física de quem lá trabalha e dos/as milhares de cursistas. A situação torna-se mais preocupante já que lá estão instaladas 18 turmas da EC 01 da Estrutural, que foram transferidos para a EAPE, devido ao fechamento da escola, uma vez que ela foi construída em cima de toneladas de lixo e existe o risco dela ...
literalmente explodir.
O descaso com a EAPE é gritante. Por exemplo, o auditório, além da péssima acústica e da inexistência de sistema de ventilação, para a realização de eventos é preciso solicitar a aparelhagem de som do vizinho CIEF. Outra situação preocupante é o fato da escola manter vários cursos à distância e invariavelmente temos que levar trabalho pra casa já que a internet vive “saindo do ar”. Isso pra não falar das paredes cheias de mofo, dos banheiros que dão problema e do calor insuportável.
E não dá pra dizer que o nosso Secretário não sabe do que está acontecendo. Ele hoje esteve na escola para participar do GT sobre Currículo e não é possível que ele não tenha visto os estragos causados pela chuva ou ao menos, tenha sido alertado pela direção da EAPE.
Evidentemente que essa situação não é exclusiva de nossa escola de formação. Ela é reflexo do descaso com a educação, típica desse (des)governo, que fala muito, tem belos discursos, mas que na prática se iguala aos outros que tanto combatemos.
É assim que o GDF trata a educação e a escola de formação de professores e professoras da rede pública de ensino.
Ah... E claro, a direção da EAPE impediu a imprensa de fotografar as salas atingidas.
Com a chegada das chuvas, se vocês precisarem vir pra EAPE, não esqueçam as sombrinhas e as galochas. Elas serão mais do que necessárias.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012


QUEM É O INIMIGO? QUEM É VOCÊ?
O PT E AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO GDF.

                Não há como negar a importância do PT no processo de democratização do país. As greves, a volta dos exilados políticos, a luta por uma educação e cultura populares acabou aglutinando pessoas de todos os tipos e matizes ideológicas variadas que juntas, deram origem ao partido.

O PT teve o mérito de reunir lideranças católicas progressistas, socialistas de vários tons de vermelho, intelectuais, setores da classe média, organizações marxistas e lideranças sindicais que juntos, construíram o programa do partido que incluía a contestação do status quo e a proposição de mudanças radicais nas estruturas políticas, econômicas e sociais brasileiras, para beneficiar os numerosos sobrantes, os/as excluídos/as do milagre econômicos e aqueles/as que se encontraram na tal década perdida.

No final da década de 1980 várias cidades já eram governadas por petistas, até conseguirem, duas décadas depois, assumir a presidência da República e alguns governos estaduais.  Uma trajetória vitoriosa, mas não isenta de críticas, contradições e muitas, muitas decepções. 

A educação sempre teve centralidade nas discussões do partido, tanto é que logo após a sua fundação foram estabelecidos os princípios e propostas a serem defendidas pelos/as petistas nos debates que antecederam a elaboração das constituições estaduais, da nova LDB e do PNE.

Fundamentadas numa perspectiva libertadora, democrática, unitária, transformadora e polítécnica e centrada na qualidade e na gestão democrática, foram surgindo exitosas experiências de educação popular como a Escola Plural (em BH), a Escola Candanga (aqui no DF), a Escola Cidadã (em Porto Alegre) e a Escola Democrática (em São Paulo).

 Entretanto, o projeto de poder definido pelo partido, à luz das transformações da década de 1990, modificaram significativamente esses princípios, a ponto de não vermos diferenças entre as propostas definidas pelo PT e por qualquer outro partido de centro ou mesmo, de direita.

 Os critérios de mercado são estendidos para o sistema educacional, que passa a ser considerado como uma empresa, exigindo-se dela, eficiência e eficácia.  Reduzir custos e maximizar resultados tornou-se um mantra exaustivamente recitado pelos/as deslumbrados/as companheiros/as.  

Embora mantivesse oposição às políticas implementadas principalmente pelo PSDB e seus históricos aliados, o PT começou a utilizar o mesmo repertório conceitual e ideológico, inspirados pelo neoliberalismo. Tanto é verdade que muitas políticas definidas pelo MEC no período de FHC foram colocadas em prática e potencializadas no Governo Lula/Dilma e por governos estaduais petistas.

O partido, em sua maioria, perdeu a ousadia e inovação. E as políticas educacionais do Governo Agnelo são um exemplo disso.  Aliás, pior do que isso é o fato de que  até agora não podemos identificar nenhuma ação relevante para a educação no Distrito Federal desde janeiro de 2011. Muito pelo contrário. O que não faltam são exemplos da incompetência, ingerência, desrespeito, omissões e a mercadológica política educacional vinda do Palácio do Buriti.

A (des) convocação dos/as concursados foi talvez o sinal mais evidente de que algo estranho estava acontecendo na SEDF.  Se fosse um fato isolado, por si só, já seria grave. 

Entretanto, vários outros fatos aconteceram demonstrando a incompetência e a falta de rumos na educação no DF, como por exemplo, a permanência de vários comissionados do Governo Arruda que continuaram na gestão de Regina Vinhaes; a continuidade dos vários contratos que privatizaram os serviços na SEDF e de programas claramente identificados com Arruda e sua laia, como o PDAF; a escolha do Dep. Washington Mesquita do PSDB na presidência da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa; o ridículo programa de maquiagem nas escolas no início do ano letivo de 2011; as constantes denúncias de mal-atendimento no NAMO/DSO; os parcos e inconstantes repasses financeiros às escolas; o tratamento dispensado pelo governo durante as greves dos/as professores/as e de auxiliares; o não-cumprimento dos acordos que o Governador Agnelo fez com a categoria antes, durante e depois das eleições; a exoneração de coordenadores administrativos das escolas no final do ano passado, causando o caos e a sobrecarga de trabalho burocrático nas escolas; o cai-não-cai da Regina e do Denilson demonstrando instabilidade política e a batalha campal entre as várias correntes do PT.

Se já não bastasse todo esse repertório, nas últimas semanas, fomos surpreendidos com a notificação, por parte do TCDF, de que o GDF não vem aplicando os recursos que deveria na educação.  Os gastos do governo com o seu sistema de ensino ficou abaixo dos limites definidos pela LDB, sendo reduzido a 14,4% se comparado com o 1º semestre de 2011, ou, 151,8 milhões de reais a menos. 

Parte desse dinheiro pode retornar à União caso não seja utilizado.  Além disso, neste último ano, 78 milhões de reais foram transferidos da educação para outros setores do governo, da SLU até a Secretaria de Esportes, tudo registrado no DODF. Enquanto isso, segundo o próprio TCDF, 30% das escolas públicas estão em condições ruins ou péssimas.

Como não poderia deixar de ser, chegamos ao final de mais um ano, com uma categoria adoecida, cansada, desvalorizada e principalmente decepcionada.  Os governos petistas, antes apoiados por grande parte dos/as trabalhadores em educação viram a revolta da categoria sendo traduzida nas greves em Goiânia, Fortaleza, Recife, na Bahia, Acre e nas universidades federais e institutos tecnológicos.  E nós aqui no DF, por mais de 50 dias, esperamos alguma resposta de nossas reivindicações por parte do GDF.  E continuamos esperando...

O desrespeito da SEDF chegou a tal ponto que simplesmente fomos excluídos do debate sobre a reestruturação do Ensino Médio e da Educação Profissional.  O GDF prefere debater com Sindicato da Polícia Federal ou com a Federação Nacional das Escolas Particulares do que com os/as professores/as e auxiliares

O PT, ao meu ver, ascendeu ao poder justamente para concluir o trabalho que a direita não teve condições de fazer, justamente por falta de legitimidade. Além disso, acabou cooptando os movimentos sociais e os sindicatos. Se não é verdade, onde estão as grandes marchas da UNE, da CUT, do MST?  Em outros tempos, não seria motivo para uma greve geral o fato do Ministro da Economia do Governo Dilma dizer que os 10% do PIB para a educação, proposto pela CNTE e tantas outras organizações, quebraria o país? Não seria motivo para uma greve geral a não aplicação das verbas para a educação no DF?

Alternativas existem, mas precisam ser constantemente reconstruídas e resignificadas e dentro do campo político, restam poucas saídas. Esse discurso de que o PT e o governo são espaços de disputa não convence nem mesmo os próprios petistas.

O que vejo é a imprescindível necessidade de articulação da categoria para fazer frente a mais um governo adversário da educação, rompendo com um governo de traidores. 

O PT não representa, há muito tempo, os interesses dos/as trabalhadores.

 

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Não tenho nada contra, mas...

O preconceito, escondido em metáforas, palavras soltas ao acaso e piadinhas e risos cúmplices, na realidade, denuncia o quanto nossos padrões culturais e visões de mundo carregam tanto desconhecimento em relação às várias faces da África. Particularmente no Brasil, cuja influência africana em nosso cotidiano é tão perceptível, viva e fundante, passou e ainda passa por um embranquecimento, uma “limpeza étnica” para parecer mais palatável, mais aceitável e claro, mais comercial.
Um dos espaços de (re)produção dos discursos racistas, travestidos ou não, é a escola. Neste espaço, de uma forma ou de outra, as histórias, as religiões, a culinária, o conceito de beleza e de visões de mundo de negros e negras brasileiros tem sido sistematicamente resignificados.
E um dos momentos mais interessantes de se observar como a escola “vê” a questão racial são as comemorações da Semana da Consciência Negra. Quando elas acontecem (se acontecem) o preconceito inevitavelmente aparece, principalmente quando envolve a religiosidade, traço importante para conhecermos as Áfricas.
A crítica ao ensino da cultura africana que enfoque as suas religiões parte principalmente de professores e professoras conservadores e principalmente, evangélicos, em sua maioria, neopentecostais.
A Igreja Católica (ou melhor, os/as adeptos/as) tem historicamente uma relação (mesmo dúbia) de tolerância com o candomblé, umbanda, quibanda e outras manifestações religiosas de origem e/ou influência africana. As articulações, às vezes bastante imbricadas entre elas e o catolicismo, permitem diversas manifestações de fé. Católicos que fazem simpatias, que recorrem tanto às cartas como aos búzios e as novenas além de candomblecistas que se declaram como católicos/as não são raros de se encontrar.
Alias, é justamente o contrário. Eu mesmo sou pertencente a uma família de tradição católica que procurava cirurgias espirituais e leitoras de mão e de cartas no sábado e ia à missa ao domingo.
Mas com o crescimento exponencial de cristãos evangélicos nos últimos 30 anos essa história de relativa tolerância vem se modificando. Não são raros, portanto, os discursos de intolerância, preconceito e exclusão das manifestações da religiosidade africana nos espaços escolares.
Fica evidente então que uma numerosa e “barulhenta” parcela da população brasileira está mudando o modo de ver o mundo e principalmente, estabelecendo novos parâmetros de se relacionar com a diversidade cultural, traço marcante em nosso país. E confesso que eu estou preocupado com os rumos desse discurso, dessas ações, desse verdadeiro exército de Cristo.
Partem, evidentemente, de uma leitura da Bíblia, que é legítima como possibilidade da liberdade religiosa, direito tão importante para qualquer país que se diga democrático. E o direito à prática religiosa (ou a sua não-prática) é garantido constitucionalmente sendo um dos pilares das garantias individuais. Não é isso, portanto, que está em discussão, mas sim, o contrário; Uma expressão da fé que acaba por solapar, descaracterizar e subjugar uma outra. O “trator” evangélico não deixa de pé qualquer possibilidade de debate sobre religiosidade de matriz africana.
A informal tolerância não tem espaço entre parte significativa dos cristãos evangélicos. Algumas denominações, mais extremas, chegam a explicitar sobre o perigo da tolerância já que deus não é tolerante e incitam a não tolerar o que não venha de Deus, já que tolerar é compactuar. Quem não tolera, extermina, não é Hitler?
Por ser “coisa do demônio”, as cosmologias e cosmogonias africanas são simplesmente ignoradas. Búzios, terreiro, exús, oferendas, orixás, caboclos, guias, atabaques, o povo de santo, enfim, tudo que se relaciona com as religiões africanas vira macumba, coisa ruim ou pecado que portanto deve ser denunciado e principalmente, combatido.
As escolas funcionam como uma caixa de ressonância que gera e amplifica esses discursos vindos de todos os lados, desde a mãe do aluno ou aluna, como também da servidora, do porteiro, da professora ou professor, de membros da equipe gestora de “parceiros da escola”.
E essa visão de mundo, claro, vai influenciar nas escolhas dos currículos (sejam eles ocultos ou oficiais), nas várias avaliações (desde problemas de aprendizagem e comportamentais relacionados com possessões demoníacas), nas relações interpessoais, na hora da entrada dos alunos e alunas. A proximidade ou distância de deus irá determinar o sucesso ou o fracasso escolar, a estrutura (ou a falta dela) das famílias, as oportunidades e os obstáculos presentes no dia-a-dia da escola e fora dela.
A obrigatoriedade do ensino da história africana no Brasil, se por um lado é amplamente ignorado nas escolas, por outro, a história dos povos africanos é reduzido à escravidão. Pouco se fala da resistência e dos heróis e heroínas negros em sua luta pelo fim da escravidão e pela sua emancipação. A princesa Isabel continua sendo vista como a redentora, a valorosa, a mais humana na corte do Imperador.
Evidentemente que muitas ações vêm sendo desenvolvidas para que esse quadro se reverta. Cursos, debates, conferência e o diálogo são importantes para a formação de professores e professoras. Tanto as políticas públicas como as iniciativas populares vão possibilitando um maior número de pessoas, a conhecer as nuances da história de africanos e africanas no Brasil. Mas o discurso conservador, fundamentalista e religiosos reage numa rapidez muito maior que nossa capacidade de articulação.
Talvez seja por isso que vejo a necessidade de criarmos uma rede nacional de educadores e educadoras pela igualdade a fim de compartilharmos experiências, refletirmos coletivamente assim organizar a contraposição ao discurso dos/das intolerantes.
Se a escola é campo de disputa hegemônica, por ser um espaço privilegiado de formação humana, por ser tanto um aparelho ideológico do Estado como por carregar em sua própria constituição a capacidade de transformação, cabe aos educadores e educadoras pela diversidade a também definir um discurso, tão poderoso quanto o outro.
A história da humanidade está repleta de exemplos de visões explícitas de ódio. O genocídio, o etnocídio, a ideia de uma cultura ou visão de mundo superior a outra e os vários tipos de apartheid. A tolerância é fundamental, importante e expoente de uma atitude de respeito. E as práticas educacionais advindas do discurso de tolerância e respeito ao diferente são mais do que bem-vindas; são essenciais.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

PELO DIREITO DE DAR PINTA!

Não sei por qual motivo eu ainda perco o meu tempo lendo os malditos comentários de leitores dos jornais virtuais. Talvez por causa dessa curiosidade "antropológica" de saber o que a submergente classe média pensa, seja talvez pela esperança meio budista de encontrar no meio do lodo, uma flor de lótus, uma reflexão sensata, necessária e capaz de nos surpreender.
O Marc...o Nanini, numa entrevista há poucos dias, falou de sua vida amorosa (ou a falta dela). Falava, entre, outras coisas, sobre seus namorados. Todos os sites de notícias (?) e fofocas começaram a replicar a notícia, manchetando que o Lineu, da Grande Família, enfim, saía do armário. Bom, ao menos para um monte de gente, o fato do Nanini ser gay não é novidade há décadas e que, como ele mesmo disse depois, não saiu do armário porque nunca esteve lá dentro.
Mas, junto com a declaração, vieram os tais comentários. Um deles, vindo dos tais leitores me chamou muito a atenção: "Ao menos ele não desmunheca e não rebola!"
Imediatamente essa fala me jogou lá na minha infância e adolescência, quando meu pai, minha mãe, os "colegas da escola", a vizinhança, a parentaiada, enfim, todo mundo me dizia como (não) andar, como (não) falar, como (não) gesticular as mãos.... Pare de rebolar! Fale grosso! Vá pro karatê! Vá trabalhar na oficina do seu pai! não brinque de boneca! não use as roupas e os saltos das irmãs! não chore por qualquer coisa! Não seja você! Seja Homem! Ou, ainda: "Você pode até ser viado, mas ninguém precisa saber".
O fato de um cara gay dar pinta, de "fechar" incomoda tanto que dentre comunidade gay, os que mais são assassinados, além das travestis, são "as pintosas", as fechativas, as que riem alto, que balançam os ombros e batem o cabelo! Até mesmo entre nós, gays, a pintosa só é tolerada em poucos momentos: no palco, numa festa reservada ou montada nos guetos do pink market. Como amiga, as coisas complicam porque a pintosa "queima o filme", espanta os pretendentes e explicita um discurso que nós reproduzimos: Não precisa desmunhecar pra ser gay! .
Voltando aos comentários, outros ainda, na tentativa de disfarçar seu preconceito diziam que "isso", ou seja, o fato do Nanini ser gay não afetaria sua admiração pelo trabalho dele na TV. Caramba! O pior dos preconceitos é aquele que a gente insiste em não revelar.
É por essas e outras que sempre achei que a pinta é revolucionária, porque subverte a ordem, escancara a liberdade de ser exatamente como quer, sem pudores, sem amarras, jogando na cara dos caretas, dos fundamentalistas, dos enrustidos e dos conservadores as várias possibilidades de se expressar no mundo.
PINTOSAS DO MUNDO, UNI-VOS NO REQUEBRAR E NO DESMUNHECAR!

O livre espaço do campus.

Apesar dos caguetas, dos X9, dos delatores e dos infiltrados, durante a ditadura militar, apenas uma vez um campus universitário foi invadido pela polícia: em 1968, na UNB. O que era excessão, virou rotina. O que não fizeram na ditadura, agora fazem com frequência, em nome da tal Ordem.
Durante minha graduação,na UFG, por três vezes, a PM do coronel do Cerrado, Sr. Marconi Perigo, invadiu o camp...us. Nas duas primeiras, por causa das manifestações pela melhoria do transporte coletivo (na qual um "kombeiro" foi morto) e na última, durante o lançamento de um livro, o Dossiê K, escrito pelo Kajuru, que denunciava o uso da máquina e abuso do poder econômico nas eleições em que Marconi sagrou-se vencedor. A Rotan invadiu o Campus, recolheu os livros e agrediu um sem número de estudantes. A imprensa provinciana, claro, aplaudiu a ação.
Nos últimos anos, a PM também invadiu os campus da UFPR, da UNEB, da UFPel e por aí vai e por duas vezes a USP foi invadida.
Não vou me ater ao fato da USP ser um celeiro de playboys e patricinhas bem nascidos e ricos. O que me incomoda é que a autonomia da universidade, esse espaço privilegiado de experimentações, de devaneios e de produção acadêmica, de livre pensamento e contestação de costumes e comportamentos está se tornando, cada vez mais, um curral cercado pelo conservadorismo, pelo bom-mocismo e pela caretice.
Mesmo que possa parecer algo pequeno, diante das revoltas estudantis no Chile, no norte da África ou do maio de 68, os estudantes e o espaço universitário, seja da USP, ou de qualquer outra universidade, pública ou privada, não podem ser atacados pelo aparelho repressor do Estado.
Estamos nos acostumando, cada vez mais, a ver o falso moralismo, o fundamentalismo escroto e tacanho tomar as rédeas, auxiliados, claro, pela nojenta mídia direitosa que não suporta qualquer (des)ordem. E vamos acreditando, cada vez mais, que o "endireitamento" da universidade é vital para o sucesso do ridículo capitalismo brasileiro.
Viva a desordem! Viva o caminho torto! Fodam-se os puretas!

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Escola não é igreja e sala de aula não é púlpito.

Escola não é igreja e sala de aula não é púlpito.
Há muito pouco tempo atrás, evangélicos (as) eram massacrados, humilhados, discriminados, vilipendiados do direito de professar sua fé, atacados pelos meios de comunicação e pelos círculos intelectuais. Todo e qualquer estudo apontava que em sua maioria, eles e elas eram analfabetos, pobres e moradores das periferias de grandes cidades.
Aos poucos essa realidade foi se modificando... Alcançaram o poder, constituíram uma forte bancada nos parlamentos, converteram a classe média e alta além de intelectuais, assumiram o controle de inúmeras estações de rádio e de televisão, seus templos cresceram e estão em bairros centrais e nobres.
Entretanto, somente uma coisa não se modificou: A dificuldade deles de se relacionarem com outras religiões, a convicção de que somente eles e elas estão a salvo e todos os outros vão queimar no fogo do inferno, que religiões de matriz africana são primitivas e demoníacas.
Nâo mudou também a interpretação da Bíblia sob uma ótica fundamentalista e a certeza de que o mundo, sob seus auspícios é melhor e perfeito por serem o povo eleito e escolhido por deus.
Se acham que todos estão errados, que eles e elas devem ser o exército de deus na Terra, que são vasos santificados, verdadeiros representantes do divino neste vale de lágrimas, sugiro que comprem uma ilha (por que dinheiro para isso eles tem por causa das isenções de impostos), de preferência no meio do Pacífico e construam lá um mundo novo, sem pecado, sem ganância, sem macumba, sem gays, sem prostituição, sem roubalheira, sem adultério.
Instaurem uma república cuja constituição seja os dez mandamentos, o hino nacional cantado pela Aline Barros e o presidente o Malafaia.
Lá, com certeza, eles poderão orar em línguas,repreender o demônio que se apossa dos corpos dos alunos e alunas, não trabalhar o dia da consciência negra, expulsar gays e converter infiéis.
Viver em democracia não é fácil! Numa teocracia é pior ainda.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O Novo Currículo ou reinventando a roda?

No final do no passado, todas as escolas foram convocadas, para receberem, no Centro de Convenções, a versão preliminar do Currículo da Educação Básica, para que, no decorrer deste ano letivo, ela fosse modificada, recebendo contribuições, críticas, sugestões e reflexões de todos nós, professores e professoras, equipes gestoras, coordenações e supervisões pedagógicas e estudantes.

A partir de 03 de agosto, quando acontece mais um dia temático, além da leitura de diversos textos, indicados pela SEDF, vamos escolher os/as representantes das escolas que participarão de Plenárias Regionais, entre os meses de setembro e outubro, que indicarão nossas propostas.

Espera-se, portanto, uma grande mobilização da categoria, já que estas orientações curriculares tem, a princípio, uma durabilidade de 10 anos.

É então uma boa oportunidade para que nós possamos, à luz de nossas experiências cotidianas e das pesquisas acumuladas sobre o tema, definir o que vamos ensinar e como fazê-lo, levando em consideração os interesses dos/as estudantes, do mundo do trabalho e do Estado.

Entretanto, o que me preocupa é que se não tomarmos as rédeas desse processo ( o que pra mim é bem provável), a SEDF pode definir os rumos das políticas educacionais sem sermos consultados, ou que é pior, utilizando os artifícios já conhecidos (o velho verniz democrático) para implementar a tal Escola do Cerrado.

Entre as discussões já definidas estão a implantação dos ciclos para as séries finais e no limite, para o Ensino Médio (aos moldes do que já acontece com o Bloco Inicial de Alfabetização), redefinição da EJA, correção de fluxo, sistemas de avaliação, àreas do conhecimento, e por aí vai.

Apesar de já estarmos meio cansados e carimbados com essa história de discussão sobre currículo, penso ser fundamental nos interarmos sobre esses debates, sobre quais critérios serão utilizados para a construção dessas orientações, e, principalmente, resignificarmos nosso papel nesse processo: Será que nossos ceticismo será preponderante? Como podemos influir nessa discussão? E isso, pessoal, é pra ontem!