terça-feira, 8 de novembro de 2011

O livre espaço do campus.

Apesar dos caguetas, dos X9, dos delatores e dos infiltrados, durante a ditadura militar, apenas uma vez um campus universitário foi invadido pela polícia: em 1968, na UNB. O que era excessão, virou rotina. O que não fizeram na ditadura, agora fazem com frequência, em nome da tal Ordem.
Durante minha graduação,na UFG, por três vezes, a PM do coronel do Cerrado, Sr. Marconi Perigo, invadiu o camp...us. Nas duas primeiras, por causa das manifestações pela melhoria do transporte coletivo (na qual um "kombeiro" foi morto) e na última, durante o lançamento de um livro, o Dossiê K, escrito pelo Kajuru, que denunciava o uso da máquina e abuso do poder econômico nas eleições em que Marconi sagrou-se vencedor. A Rotan invadiu o Campus, recolheu os livros e agrediu um sem número de estudantes. A imprensa provinciana, claro, aplaudiu a ação.
Nos últimos anos, a PM também invadiu os campus da UFPR, da UNEB, da UFPel e por aí vai e por duas vezes a USP foi invadida.
Não vou me ater ao fato da USP ser um celeiro de playboys e patricinhas bem nascidos e ricos. O que me incomoda é que a autonomia da universidade, esse espaço privilegiado de experimentações, de devaneios e de produção acadêmica, de livre pensamento e contestação de costumes e comportamentos está se tornando, cada vez mais, um curral cercado pelo conservadorismo, pelo bom-mocismo e pela caretice.
Mesmo que possa parecer algo pequeno, diante das revoltas estudantis no Chile, no norte da África ou do maio de 68, os estudantes e o espaço universitário, seja da USP, ou de qualquer outra universidade, pública ou privada, não podem ser atacados pelo aparelho repressor do Estado.
Estamos nos acostumando, cada vez mais, a ver o falso moralismo, o fundamentalismo escroto e tacanho tomar as rédeas, auxiliados, claro, pela nojenta mídia direitosa que não suporta qualquer (des)ordem. E vamos acreditando, cada vez mais, que o "endireitamento" da universidade é vital para o sucesso do ridículo capitalismo brasileiro.
Viva a desordem! Viva o caminho torto! Fodam-se os puretas!

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