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quarta-feira, 27 de julho de 2011
terça-feira, 26 de julho de 2011
NOJENTO! VIADO!
"Olha aqui seu biba, deveria se informar mais, o que o supremo fez, nada mais foi que rasgar a nossa constituição. O STF é submisso as Leis, cabe a eles julgarem de acordo com o que está na constituição, e já que vc é intelectualóide, pesquise e veja o que a nossa Carta Magna diz. Eu tenho formação esquerdista também, mas o que Marx disse, não foi escrito em ferro e nem cunhado em pedra, não é verdade absoluta! não preciso absorver tudo com minha verdade, o que vai contra o que eu acredito eu relevo,pois tenho a capacidade de filtrar informações... Eu não me educo por metidos a intelectualoides, e prezo muito mais a faculdade da vida que a que recebi na Universidade, pois esta me ensinou a ser homem, honesto, honrado e po-li-ti-za-do! passei por muitas dificuldades na vida também, mas tenho muito orgulho de ter passado o que passei e nunca tive vergonha de ser pobre. Pessoas como vc que prega o fim da família, eu sou a favor da natureza, ambientalistas pregam para deixar a natureza seguir seu fluxo... uma vez assim não podemos aceitar essa bizarrice de gays, pois o fluxo natural é homem e mulher, assim a raça humana prospera! Nojento! Viado!"
Depois de tantos anos sem ouvir palavras tão preconceituosas, confesso que me assustei quando li este comentário, enviado por um colega professor, após a leitura de minha opinião sobre a decisão do STF em oficializar a união civil entre pessoas do mesmo sexo, postado aqui no blog.
Evidentemente que o nobre colega não teve tanta coragem assim de assinar, mas isso é o de menos, esquece ele que hoje é possível rastrear toda e qualquer movimentação na internet e em breve ele receberá notícias minhas.
Mas, é importante a análise. A cada dia, pessoas como esse professor demonstram mais sua irracionalidade, seu ódio e sua dificuldade de conviver em sociedade e com as diferenças. Não é à toa que todos os dias, a violência contra homossexuais está se tornando comum. Aliás, a intolerância está chegando ao limite como no caso do pai e filho que, confundidos com um casal gay, foi barbaramente espancado no interior de São Paulo, como o assassinato de uma garota lésbica, no interior de Goiás ou nos ataques em plena Avenida Paulista.
Apesar de temer pela violência, reações como a do colega professor só demonstram, mais claramente, a necessidade urgente da criminalização da homofobia, da instituição de um projeto nacional de combate à violência homofóbica dentro e fora das escolas, e principalmente, do avanço nos nossos direitos.
Esse fato me fez lembrar algo que aconteceu comigo há muitos, muitos anos atrás, lá em Anápolis.
Tinha um cara, amigo de meu pai, que toda vez que me via, me xingava, ria, cutucava os outros caras para me ridicularizarem. De tanto escutar as suas piadinhas, dava uma volta tremenda para chegar em minha casa, só pra não passar perto da esquina onde ele morava. Mesmo sofrendo essa violência cotidiana, preferi não contar para os meus pais.
Um belo dia (sempre tem um dia), fui à padaria comprar pão e a casa desse cara era bem em frente. Como a padaria ainda estava fechada, sentei na calçada para esperar. Levei um susto quando vi o cara, me olhando, pelo portão. Passados alguns segundos, ele me aparece, pelado, me chamando para entrar. Fiquei tão enojado com aquela cena! Fiquei puto! Como o cara que mais me humilhava, estava ali, pelado, todo excitado, querendo todo mundo sabe o que.
Aí fui entender: O cara, na realidade, era um gay enrustido, que jamais teria coragem de se assumir e para afastar qualquer possibilidade de alguém desconfiar dele, ele me apontava!
Pra mim, e pra um monte de psicólogos e psicólogas, geralmente os homofóbicos tem uma sexualidade tão mal resolvida que atacam, violentam, massacram e matam para se verem livres de um culpa, de um tormento, de um desejo reprimido. Caras com sexualidade resolvida não se importam com a vida sexual dos outros.
Para o nobre professor que tentou me atingir com insultos, um recado: Vá se tratar! Homofobia tem cura! E se pensa que esse tipo de atitude me intimida, está muito, muito enganado. Ao contrário. Como escrevi no post, os latidos vão ser altos, os rosnados bem raivosos, e as vezes as mordidas podem ser dolorosas, mas NÓS VAMOS CONQUISTAR NOSSOS DIREITOS! Duvida?
domingo, 24 de julho de 2011
Se o mundo é mesmo parecido com que vejo...
Cena 1: um aluno (desses com vários W, Y, LL no nome), num dos vários rompantes de agressividade durante o período de aula, além de dar um tapa na cara do colega, manda o outro chpar a ponta de sua "pica" e xinga a mãe do pobre coitado de "arrombada". Detalhe: Esse doce de candura tem apenas 9 anos, aluno de uma turma do 4º ano.
Cena 2: A avó da criatura, chamada pela professora e pela equipe pedagógica, começa a chorar o vale de lágrimas: O pai do aluno foi assassinado, a mãe, que já foi presa, não quer saber do moleque, o padrasto está preso, e a irmã mais velha, que já foi aluna da escola, hoje com 15 anos, se prostitui por pouco, muito pouco. No lote onde fica a casa desse menino, são três barracos, todos ocupados pela mesma família e seis primos, com o mesmo comportamento, são estudantes da mesma escola. Drogas, alcoolismo, brigas constantes! No meio disso tudo uma avó que luta, praticamente sozinha, para manter e sustentar tudo e todos.
Cena 3: Depois da longa conversa, propostas e palavras de encorajamento, me veio a constatação diária: O que fazer? Tudo o que penso me parece pouco, inútil, compensatório. Seria essa a educação para os mais pobres? Para essas crianças, o destino já está traçado? Que forças descomunais esses meninos e meninas terão que ter para conseguir sair dessa trágica situação? E o que é pior: Muito provavelmente, eles terão que fazer isso sozinho ou com muito pouca ajuda. A maioria vai formando a classe dos numerosos sobrantes... Aqueles que vão pegar o resto, do resto, do resto...
Depois do relato da avó, tentamos ainda disfarçar a nossa incapacidade. Buscamos o Conselho Tutelar, a Assistência Social, a Vila Olímpica... Só que, mais uma vez, senti na pele, o nosso limite. Mais do que nunca, tenho a certeza de que sozinhos, não conseguiremos mudar essa situação, já que nós mesmos, professores e professoras, precisamos de ajuda.
Milhares de crianças estão hoje em nossas escolas, numa situação muito similar ou até pior do que esse aluno. Apesar do discurso de que é na escola que essas crianças encontraram os mecanismos para sua liberdade, o que vemos é uma escola que embrutece, que não acolhe, que não ensina.
A escola é um grande palco onde encenamos, diariamente, o discurso da superação, quando nós mesmos, peças da engrenagem, não acreditamos mais nisso.
Tudo é tão feio... tão incompleto... tão sem boniteza... um reflexo das favelas e das satélites tão pobres. Vielas, esgoto ao ar livre, ratos, canos quebrados, vidros quebrados, piso quebrado. A escola marcada pelo improviso é a extensão da feiúra da vida desses meninos e meninas.
Mas não poderia ser diferente. O que é destinado aos mais pobres é sempre feio, mal cheiroso, não funciona, humilha, envergonha e revolta.
Por isso, meus amigos e amigas, em nossas carreiras vamos nos deparar com uma realidade difícil de digerir. Realidade essa que a gente não vai conseguir mudar sozinhos ou com discursos.
Ainda não encontrei o caminho para a mudança... Mas não me canso de procurar.
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